Trabalhei por dois anos para uma empresa de inteligência emocional, e entre outras milhares de coisas, eu cuidava dos blog deles. Lembro que, uma vez, escrevi um artigo sobre Síndrome de Burnout, que já se perdeu no ciberespaço.
Me recordo bem desse artigo porque, na mesma época que escrevi, eu passava por isso. E doeu saber que eu estava vivendo um grande problema e não tinha me dado conta até então.
Para quem ainda não está familiarizado com o termo, a Síndrome de Burnout nada mais é que um esgotamento profundo oriundo de excesso de trabalho. A síndrome dá um cansaço extremo e ineficiência, fazendo com que a gente se sinta um nada, mesmo fazendo milhões de coisas. Segundo a Isma-Br – Internacional Stress Management Association no Brasil, 30% dos brasileiros sofrem desse mal. Lembro que escrevi no artigo as principais causas da síndrome, que eram:
Sentimento de desvalorização no trabalho;
Tarefas acumuladas;
Estresse ocupacional;
Pouco tempo de descanço;
Zero qualidade de vida.
O ano era 2015. Minha produtividade tinha baixado e eu estava vivendo um looping infinito de multitarefas e quase nada de sono ou qualidade de vida. Nessa época eu trabalhava na empresa das 8h às 18h com risíveis 1h12 de almoço (mal dava tempo de comer), e dava aula 4 vezes por semana das 19h às 22h30. E para piorar, eu estava no mestrado, tendo que cumprir créditos em disciplinas, participar de congressos, escrever a dissertação e aguentar sempre aquele olhar e aquelas avaliações em congressos que sempre dizem que você nunca sabe o suficiente. Será que um dia vou saber alguma coisa nessa vida? (sempre me questionei).
Eu não tinha tempo para quase nada que significa qualidade de vida, como: ler, dormir, sair com amigos, namorar, passar tempo com a família, atividade física, etc. Eu corria 2 vezes por semana quando dava e, de resto, procurava dormir para repor o sono perdido da semana.
Quando eu sentava para escrever a dissertação e para produzir artigos no trabalho, minha mente não acompanhava. Vi minha produtividade esvaindo pelas mãos, e tinha todos esses sentimentos de impotência e desvalorização que já foram mencionados.

Eu achava que isso era normal e que eu precisava me adequar a viver assim. Mas quando me dei conta de que isso afetava o que eu mais gostava de fazer, que era escrever, eu decidi mudar. Claro que a mudança não foi no mesmo dia, foi todo um processo que demorou anos, até. Mas resolvi desacelerar, fazer as coisas no meu tempo, priorizar as urgências para depois fazer o resto, tirar tempo para estudo e descanso, entre outras coisas.
Eu só ganhei com isso. Meu trabalho melhorou demais, minha criatividade voltou e eu produzi muito nessa época. Tanto que me lembro que resolvi 70% da minha dissertação em uma noite em que foquei toda minha atenção nela das 18h à 1h da manhã ( mas saiu!!!!!!). Aí que percebi que não dá para ser produtiva e criativa sob pressão de uma rotina massacrante.
O que você pode fazer para melhorar? Seguem algumas medidas que eu tomei e que podem te ajudar:
Dedique um tempo para estudos e leitura por dia, nem que seja 30 minutos;
Delegue tarefas;
Priorize o sono;
Tenha um lazer ao dia, pelo menos;
Saia de cena, se desconecte, vá para o mato ou algum lugar que te faça bem;
Evite trabalhar muitas horas por dia, muita coisa pode ser resolvida amanhã.
Sobre esse último item, eu aprendi com a vida que nada é tão urgente assim, e se for, se algo chega na tua mão com o caráter de urgência, significa que alguém lá atrás atrasou ou errou, então a culpa não é sua e nem minha. Portanto, tudo pode esperar.
Se você vive hoje uma rotina de workaholic dessas, eu recomendo que você desacelere. Produzir conteúdo requer muito trabalho sim, mas como dizem os educadores físicos, descanso também é treino. Ou seja, a mente precisa se desconectar vez ou outra para voltar com mais potência, assim como tudo em nós.
Começo hoje uma série sobre Criatividade no meu Instagram. Me segue lá para ter acesso às publicações e discussões.