Me declaro abertamente uma apaixonada pelos livros. Leio desde sempre, desde quando aprendi a ler. Lembro do primeiro livro que li e que me abriu as portas para universos fantásticos: A flor de maio. Foi tão fantástico, aos 7 anos de idade, aprender que existia uma flor que se chamava flor de maio, que nunca mais quis parar de descobrir o mundo por meio da leitura.

Porém, infelizmente sou exceção. Segundo a pesquisa de 2019 do Retratos da Leitura no Brasil, o brasileiro lê em média 2,43 livros por ano. Isso é muito pouco se compararmos aos demais países do mundo. A Bíblia ainda é o livro mais citado e está em primeiro lugar nas leituras de muitos brasileiros.

Quem não lê, alega falta de tempo como a principal barreira para praticar a leitura diária. Além disso, os participantes da pesquisa dizem ter pouco acesso aos livros. Ainda assim, a maioria do leitores compra livros online em vez de pegar emprestado em uma biblioteca.

É claro que a falta de uma cultura de leitura tem fatores que estão imbricados na história do nosso país — que por anos foi formado por uma população de analfabetos e semianalfabetos — e hoje ainda cultiva analfabetos funcionais (aqueles que não compreendem o que lêem).

Porém, com um pouco de força de vontade e disciplina conseguimos, de grão em grão, reverter esse quadro. O acesso hoje é muito mais amplo. É possível ler em dispositivos digitais, pegar emprestado em bibliotecas, comprar em promoções, sebos físicos e online, enfim, o acesso está se abrindo cada vez mais.

O que falta é a consciência da importância da leitura. Sempre enfatizo para os meus alunos que, se eles não lerem com frequência, eles não conseguirão ter clareza de pensamento, vocabulário, conhecimento, e não desenvolverão competência para criar conteúdos, narrativas, roteiros e histórias que envolvam a sua audiência.

E hoje, contar histórias é fundamental para qualquer estratégia textual, audiovisual, narrativa, de Branded Content ou mesmo, contar a sua própria história pessoal. Por isso, leiam, leiam sempre, leiam muito. Otimize o seu tempo para que você consiga tirar alguns minutos por dia para praticar a leitura. Vai perceber como fará diferença no seu trabalho, na sua escrita e na sua vida.

Para quem trabalha com a escrita, a leitura frequente proporciona, entre outras coisas:

*Clareza de pensamento

*Oxigenação de ideias

*Descobertas de novos fatos, dados e histórias

*Bem-estar

*Conhecimento

*Auxilia a criar conteúdo de qualidade

*Possibilita olhar por todos os ângulos

*Estimula a criatividade

Achei o texto abaixo em um blog que tive na época da ascensão do blogspot e que, de maneira ampla, fala sobre a minha paixão pela leitura e como eu não compreendia quem não gostava de ler. Só para constar: sigo não compreendendo.

Não entendo quem não gosta de ler

Não entendo como alguém consegue não ler, não gostar de livro, ou diz até gostar mas alega não ter tempo para ler.

Não entendo como essas pessoas não gostam de ter um companheiro à cabeceira todos os dias, não gostam de viajar o mundo sem sair do lugar, não gostam de acompanhar várias aventuras e conhecer outras culturas.

Não consigo entender que as pessoas arranjam tempo para beber uma com os amigos, visitar conhecidos, ver televisão de domingo, cochilar, fazer academia, trabalhar, passear com os cachorros, cozinhar, ficar horas na internet, bater papo no telefone, jogar videogame, ficar na calçada olhando para o nada e só ver a vida dos vizinhos, mas nunca encontram tempo para ler.

Não entendo as pessoas que não querem conhecimento, discernimento, sabedoria, cultura, boas histórias, explicações do mundo ou apenas crônicas do cotidiano.

Nunca vou entender quem não consegue se prender a uma bela história, que não consegue virar as páginas, que não gosta daquele cheiro afrodisíaco e viciante que só as folhas de um livro são capazes de trazer.

Nunca vou entender quem se contenta com o pouco, acredita no que vê e não se atreve a abrir um livro e encarar o desconhecido.

Nunca vou entender quem nunca leu nada, mesmo que não saiba, sempre tem alguém que pode ler em voz alta.

Nunca vou entender a falta de curiosidade pelo antigo, pelos mistérios que envolvem nossa existência, pelos pergaminhos, pelos papiros, pelos códices. Nunca vou entender quem não sente imenso remorso pela destruição da Biblioteca de Alexandria, e quanta cultura e conhecimento de séculos se perdeu.

Nunca entenderei quem nunca leu uma poesia, nunca escreveu uma crônica e nunca sentiu culpa por saber que nunca dará conta de ler todos os livros que há no mundo.

Jéssica Amorim @jessicamorim12 (Instagram)

Artigo publicado originalmente no LinkedIn